Publicado por SustainaTrip | Julho de 2025
✍️ Por Kenner
Em Florianópolis, uma cidade onde os contrastes entre o urbano e o natural se entrelaçam a cada esquina, um caso recente acendeu um alerta profundo sobre o uso do solo, o acesso à moradia digna e o papel do turismo consciente diante da especulação imobiliária.
Estamos falando de Gilvã Guimarães da Silva — ex-corretor de imóveis, recentemente condenado a 18 anos de prisão por criar, sem autorização, um bairro clandestino na região do Rio Vermelho.
O que à primeira vista parecia apenas “um jeitinho” para vender terrenos mais baratos acabou revelando um esquema de loteamento ilegal, lavagem de dinheiro e impactos ambientais irreversíveis. Um bairro inteiro foi desenhado à margem da lei — ruas, casas e até serviços básicos —, comercializando mais de mil lotes de forma clandestina e movimentando cerca de R\$ 20 milhões.
📌 Como tudo começou: uma linha do tempo da ocupação irregular
🌱 2014 – Sinais de alerta ignorados
Gilvã já era alvo de denúncias por desmatamento e parcelamento irregular em áreas sensíveis da capital catarinense. A impunidade ajudou a alimentar a ousadia.
🏘️ 2018 a 2022 – Um bairro cresce nas sombras
Em silêncio, o que deveria ser mata nativa deu lugar a quadras, ruas e construções — tudo fora do radar das autoridades. Os lotes eram vendidos como se fossem regulares, e muitos compradores, de boa-fé, construíram ali seus lares.
🚨 2024 – A casa (ilegal) cai
A Operação Acapulco, do Ministério Público de SC, prende Gilvã e revela a extensão do esquema: um loteamento inteiro comercializado sem licenciamento, com documentos falsificados e apoio de um servidor público da prefeitura.
⚖️ 2025 – A condenação exemplar
Em julho, Gilvã é condenado a 18 anos de reclusão pelos crimes de parcelamento irregular do solo urbano, associação criminosa e lavagem de dinheiro. O caso entra para a história como uma das maiores fraudes urbanísticas de Florianópolis.
🧭 E as famílias que compraram?
Muitos moradores investiram suas economias na compra desses terrenos. A maioria não sabia da ilegalidade. Hoje vivem a angústia de não ter registro legal dos imóveis, além da insegurança sobre possíveis demolições ou remoções.
“Comprei meu terreno com muito esforço. Fiz um lar para minha família. E agora dizem que tudo pode ser perdido?”, lamenta uma moradora da região (nome preservado).
A prefeitura estuda a possibilidade de regularização fundiária, mas o processo é lento e complexo. Enquanto isso, centenas de famílias vivem a tensão entre o sonho da casa própria e o pesadelo da ilegalidade.
🐾 Impactos ambientais e sociais
A expansão irregular comprometeu ecossistemas locais, desmatou áreas de preservação e sobrecarregou regiões frágeis como o entorno do Parque Florestal do Rio Vermelho.
Além disso, o caso expõe um problema estrutural: a ausência de planejamento urbano justo e a fragilidade no controle público sobre o território.
🌍 O que isso nos ensina sobre turismo e cidade?
Na SustainaTrip, acreditamos que turismo consciente também é turismo que observa, denuncia e propõe. Não é possível falar em regeneração sem tocar na ferida da exclusão urbana e da especulação imobiliária.
Esse caso nos convida a refletir:
- Quem tem direito à cidade?
- Como prevenir que territórios sejam ocupados de forma predatória?
- Como transformar experiências turísticas em agentes de informação e mudança?
💬 Para continuar pensando…
🔸 Já conheceu lugares que foram impactados negativamente por urbanizações desordenadas?
🔸 Acredita que o turismo pode colaborar na valorização e proteção de territórios vulneráveis?
🔸 Que tipo de turismo queremos promover: que apenas observa ou que se responsabiliza?
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E se esse conteúdo te ajudou a enxergar a cidade com novos olhos, compartilhe com quem precisa entender que moradia, natureza e dignidade não podem andar separadas.
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📌 Fontes utilizadas: ND+, R7, MP-SC, TudoAquiSC, Condor Contabilidade